Páginas

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Fogueiras

Sempre acompanho as polêmicas que surgem em relação aos livros e à literatura e não seria diferente com o episódio da retirada dos livros de Paula Mastroberti das Escolas Municipais do Rio de Janeiro.
Acompanho e admiro o trabalho de Paula Mastroberti há muito tempo. Como mediadora, indicava a leitura de seus livros na época em que trabalhava numa Escola Municipal daqui. Posteriormente, trabalhando em vários projetos de leitura, nunca deixei de indicar suas obras, incluso o Heroísmo de Quixote. Sempre me surpreendeu a literatura de Paula, pelos diálogos interpostos entre a linguagem artística, textual e obras de arte e literárias.  São redes  que a leitura propõem enquanto o leitor transita pelo(s) texto(s). Ok, falando assim parece que é uma obra para eruditos, nada disso. É um texto dinâmico e provocativo, que por transitar entre linguagens transita também pelas linguagens que compõem o humano, que não pode ser “enquadrado”, classificado , rotulado de bom ou ruim, como se somente fôssemos dois lados de uma moeda. Então, de onde vem a ideia de que uma obra literária deve ser assim? 
Atenção pais e professores, Obra literária não é livro didático. Professores, leiam, leiam mais do que a literatura, nesse mundo hipermidiático, leiam outras linguagens artísticas, porque elas tem permeado a literatura e, tenham argumentos que sustentem as leituras propostas. Pais, sigam o mesmo caminho, leiam mais e não deleguem apenas aos professores a tarefa de mediação. Leitura  começa em casa. E para os pais que acham que os livros devem trazer uma auréola na capa: fica a frase bem colocada de Ana Cláudia Munari (Doutora em Letras/PUCRS), falando sobre a polêmica em questão no Caderno de Cultura de ZH do dia 21/05. “Preocupados com a leitura desses jovens aprendizes? Observem mais do que as histórias dos livros. O ciberespaço não arde em fogueiras nem pode ser banido das prateleiras”.


2 comentários:

  1. Parabéns pelo excelente comentário. Os preconceitos contra as manifestações artísticas sempre representaram não só uma estreiteza da alma, como antolhos em muitos que se apresentam como guias no caminho do progresso.

    ResponderExcluir
  2. Obrigadíssima querida, mais uma vez! Vou compartilhar esse link.Bjus

    ResponderExcluir